Não há ninguém que me convença a amar os adultos. Quando viramos
adultos paramos de sonhar, e se não pararmos somos taxados de loucos. O adulto
que sonha é louco pois, na verdade, mente para si mesmo ao querer dar razão ao
seu sonho. Não há razão para se sonhar quando se é adulto. Não me engano com os
adultos felizes, os quais por ventura surgem aos montes. Adultos não são
felizes, e considero aqueles que veem felicidade em ser adulto como ignorantes - ou talvez ignorados.
Os adultos são
chatos. Os adultos são muito preocupados. Os adultos vivem a mesma rotina de
formas diferentes. Ademais, existem os adultos que fingem não ser adultos,
procurando quebrar a rotina dos adultos tradicionais. Não passam de adultos
diferentes, odeio eles da mesma maneira. Nenhum adulto feliz me convence.
Felicidade tem idade. A felicidade termina quando passamos a ser adultos.
Dizem que o ódio
faz mal, suponho que isso seja verdade. Porém, não vivo apenas de ódio aos
adultos. Eu amo as crianças. Existe fase mais bela na vida? Crianças brincam,
divertem-se, dançam às setes notas musicais. E, principalmente, sonham, sonham
muito, têm sonhos incomensuráveis. Não há dúvidas de que existe um paraíso,
nosso paraíso é ser criança.
Adultos e crianças
são opostos. Por isso, todo meu ódio se transforma em amor, ao trocarmos a
palavra adulto pela palavra criança. Crianças são simpáticas, crianças são
felizes (de verdade), ser criança é o ápice da nossa vida. Adultos não amam,
adultos não brincam, tampouco brigar adultos sabem. Pois bem, há muito sabíamos
disso: "Eu lhes asseguro que, a não ser que vocês se convertam e se tornem
como crianças, jamais entrarão no Reino dos céus." Uma pena que isso não
seja possível, depois de adulto impossível nos convertermos em crianças.
Com efeito, amo
crianças e odeio adultos. Mas, corrijo-me, talvez meu ódio não seja eterno,
quiçá uma criança ensine-me a ter compaixão para com os adultos.
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